domingo, 27 de outubro de 2013

Convivendo com as diferenças

É comum duas pessoas combinarem em vários aspectos: gostar de estar juntas, ter um ótimo sexo, pensar e sentir da mesma forma sobre questões importantes da vida. No entanto, algumas divergências de interesse ou gosto podem atrapalhar bastante ou até inviabilizar a relação. Quanto menos dependência houver entre o casal, mais fácil será encontrar um caminho para conviver com as diferenças. Além disso, a forma como as pessoas são afetadas por elas é decisiva para o desenrolar da vida a dois. Alguns não se incomodam de ceder: o que para um é fundamental, pode não ter muita importância para o outro. Mas nem sempre é assim.

Se num casal um dos parceiros adorar ir à praia e o outro detestar? Como se resolve esse impasse? O que gosta abre mão do seu prazer ou o que odeia praia vai sem vontade e fica infeliz, de mau humor? Esse caso não é nada complicado para casais que prezam a liberdade e não se propõem a viver uma relação simbiótica. Quem gosta de praia vai à praia. Quem não gosta escolhe qualquer outra coisa para fazer. Depois os dois se encontram. Aliás, para quem tem uma relação estável, oportunidade para isso é o que não falta.

Entretanto, existem situações bem mais difíceis de se chegar a um acordo, e o prazer da convivência pode ficar comprometido. Resolvi fazer um levantamento sobre essa questão, consultando 30 pessoas. Perguntei a cada uma o que, para ela, tornaria impossível uma vida a dois, por mais que amasse a outra pessoa. Estas foram algumas das respostas obtidas:

"Não poderia conviver com uma mulher que fumasse. Tenho alergia, além de odiar o cheiro."

"Adoro almoçar feijoada aos sábados e não vivo sem carne vermelha. No café da manhã tomo coca-cola todos os dias. Já pensou ter que agüentar o olhar de censura de um marido vegetariano fanático?"

"Adoro esportes e vida ao ar livre. Andar de bicicleta, correr na praia, nadar, velejar. Nunca poderia conviver com uma mulher preguiçosa, paradona."

"Detesto ir a bares e dormir tarde. Faço ginástica todos os dias às seis da manhã. Não agüentaria um homem que fosse da noite e gostasse de beber."

"O que mais gosto de fazer é receber os amigos e conversar até de madrugada. Nunca me relacionaria com um homem que não gosta de gente em casa, que adora ficar no silêncio."

"Detesto dançar e ouvir música alta. Meu último namoro terminou por causa disso. O único programa que ela queria fazer era exatamente sair para dançar!"

O que fazer, então, quando as pessoas se gostam, sentem tesão uma pela outra, mas são incompatíveis como as citadas acima? Para começar, não existe um único modo de relação amorosa. Pelo contrário, são inúmeras as formas de se ter uma vida afetiva e sexual com outra pessoa. A grande saída é estabelecer com o outro um tipo de vínculo em que os dois só se encontrem quando sentirem vontade e façam apenas o que ambos desejarem.
Será que vai demorar muito para chegar o dia em que cada um de nós terá vários parceiros? Um para ir ao teatro, outro para viajar, aquele para dançar, o especial para o sexo, claro, e assim por diante. Tenho forte intuição de que todos vamos viver muito mais alegres e satisfeitos.

Regina Navarro Lins

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