quinta-feira, 19 de março de 2015

Kimberly Dow

Sou vento que acaricia teus cabelos
beija os lábios
sopra a nuca
como moinhos que mói o trigo das
searas quentes!
Em remoinho fica a vontade de amar
Onde o vento te possui lentamente,
num frio húmido
sinto tua língua nos meus pés
Teu corpo invernal!
Sente o vento que sussurra no teu ouvido
quero ouvir teu gemido
Entra em mim doce prazer
cruza tua língua com a minha
beija-me ama-me
Quero teu corpo junto ao meu
Teu calor de desejo.
Gabriela Vitória ---- Gaya

Imagem de Kimberly Dow

Duma

Delicadeza não se ensina,
é diferente do respeito.
Delicadeza é temperamento,
não se obtém com a idade,
não é uma promoção da sensibilidade,
não vem com a educação
ou com a imitação dos pais.
Delicadeza é um defeito maravilhoso,
uma entrega irreversível.
É uma loucura do bem, uma paranóia sadia.
Oferecer mais do que foi pedido,
oferecer-se á toa.
Gentileza nunca é forçada,
é espontânea ou não é,
não pode ser explicada,
não pode ser cobrada.
Sucumbo diante da delicadeza:
a delicadeza é gentileza refinada.
Fabrício Carpinejar 

Imagem de Duma

Duma-1

Fala-se de amor para falar de muitas coisas
que entretanto nos sucede.
Para falar do tempo, para falar do mundo
usamos o vocabulário preciso
que nos dá o amor.
Eu amo-te. Quer dizer: eu conheço melhor
as estradas que servem o meu território.
Quer dizer: eu estou mais acordado,
não me enredo nas silvas, não me enredo,
não me prendo nos cardos, não me prendo.
Quer dizer: amar-te-ei
cada dia mais, estarei cada dia
mais acordado. Porque este amor não para.
Porque eu amo-te, quer dizer, eu estou atento
às coisas regulares e irregulares do mundo.
Ou também: eu envio o amor
sob a forma de muitos olhos e ouvidos
a explorar, a conhecer o mundo.
Porque eu amo-te, isto é, eu dou cabo
da escuridão do mundo.
Porque tudo se escreve com a tua letra.

Fernando Assis Pacheco

Imagem de Duma

quinta-feira, 5 de março de 2015

 

Ponte da saudade

Saudades,

está no infinito da ausência

É uma ponte em que atravessas e fica a memórias

vividas, momentos remexidos!

Quando esse sentimento visita o meu coração

Estou no delinear das minhas sombras

que outrora foram gestos voz presença

sempre

adormecem em mim!

Gabriela Vitória

terça-feira, 3 de março de 2015

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Para cultivar um jardim carece ter delicadeza no tocar. É preciso ter a humildade de se curvar, ajoelhar na terra e tocar o destino de todos os seres, o pó. É necessário fé de que as sementes lançadas na terra fecundarão a contento. Esperar o aliado tempo dar o discernimento das ervas daninhas, nos dizendo o que devemos cultivar e o que devemos arrancar. Cultivar um jardim é a mais perfeita metáfora de uma prece que fazemos...
Willmondes


Desconheço o autor da imagem

Carsten Witte

Ela entra e tem um sorriso, um brilho, uma delicadeza, todo mundo em volta para, e ela olha pra mim, e cara sinceramente minhas mãos começam a suar frio porque eu não sei aonde sou tão bom assim, mas eu sei que a minha sorte esta bem aqui, e eu sempre soube que tenho muita sorte, em algum lugar e em algum momento eu sabia no meu inconsciente que ela ia chegar pra mim. Quando seu cheiro vem me visitar e quando encontra o meu corpo me deixa louco, então vem logo amor to cansado de esperar pra sentir o seu cabelo se espalhar no meu corpo na minha cama no meu travesseiro, me consome inteiro. Ela esta em minha mente agora, e porque ela não para de me tocar com os olhos e vem me sentir de verdade.
Natália Montezino

Imagem de Carsten Witte

Mundo

Ando pelo mundo abrindo horizontes
Colhendo abraços
Semeio afectos
num mundo secreto!
Gabriela Vitória

Paixão 3 

Pintei de todas as cores a nossa paixão
na mistura das cores fizemos amor...
Gabriela Vitória

Serenata

Deville Chabrolle

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo
Cecília Meireles

Imagem de Deville Chabrolle

 

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Sem Ti...
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que
a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Carolina Serpa

Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia-luz,
Os estenderia sob os teus pés.
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos.
Eu estendi meus sonhos sob os teus pés
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.

William Butler Yeats

Imagem de Carolina Serpa

Reconheça-me

Mar de amar

No ar, sou o sabor da química
No Mar, tua cor salina
No vento, sou a brisa quente
Na Luz, teu som fluorescente
Na água, sou refrescância
Na terra, tua análoga dança
No amor, sou o desafio
Na dor, teu arrepio
No sol, sou a cor amarela
No chuva, tua cancela
No medo, sou a nova lágrima
Na coragem, tua doce adaga
No sono, sou a suave canção
No grito, tua fiel interjeição
No beco, sou a esquina
No silêncio, tua guia
No peito, sou tuas mil cores
Nos vãos, tuas nascentes flores

E se tens em ti tudo de mim
E nas coisas sou em tudo tua
Percebas meu amor imenso em ti
Minha alma no teu peito se mistura...

Ka Santos


Antonio Canova

Não sei, nunca soube
determinar onde começam
os meus braços
e onde terminam os teus
talvez por isso
tenha esta tão grande necessidade
de te abraçar sempre
como se o tamanho não contasse
mas apenas o gesto e o conforto em si
de sentir a calma do teu silêncio
encaixada bem perto da minha orelha
e os olhos fechados de tanta felicidade

são reis

Imagem de António Canova

Pássaros

Sou um pouco como os pássaros
Tenho uma sede de lonjura e de infinito
que não se firma nas mãos
que deixa o espírito inquieto
quase à beira da loucura
Tenho essa sede de palavras
em dose diária
quase como uma espinha
atravessada na garganta
que nem me mata nem me afoga
mas que me faz cantar e desejar
que as palavras nunca se me acabem
para que eu me possa soltar
e pelos breves momentos que roçam meus lábios
eu possa me sentir um pouco
assim como os pássaros
de mãos vazias mas infinitamente livre
são reis

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Ter-te longe
e desejar-te aqui,
onde o frémito do corpo acontece.
Aqui, lugar onde
o vício dos olhos e das mãos me inquieta.

Ah, ter-te perto
suster a respiração,
cerrar os olhos
e deixar que tudo comece
e acabe em ti.

Ensaiar o voo da águia
e suavemente planar sobre a superfície
sinuosa do teu corpo perfeito
no asa-delta da paixão.

Ter-te perto,
sentir o perfume da tua presença
pelo calor do corpo,
pela claridade dos olhos
e pensar
que o sol e a alegria
de cada manhã,
nascem exatamente em ti.

Miguel Afonso Andersen

segunda-feira, 2 de março de 2015

Um romance é como um arco de violino, a caixa que produz os sons é a alma do leitor. Stendhal

Jean Michel Bernier

Imagem  de Jean Michel Bernier

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Amores imortais
Quem disse que aquele amor esta morto?
Sei que respira e pulsa mesmo quieto...
Como seria nosso caso inesperado de amor
Seria debaixo de alguma chuva torrencial?
Encostado nalguma árvore bem frondosa
Bem escondido entre a folhagem espessa
Os corpos molhados se tocando devagar
Peles úmidas que se procuram silenciosas
E ocorrem correntes elétricas no sangue
Tamanha quantidade de arrepios da pele
E partes de nosso corpo ganhariam vida
Saiba que amor é poesia e a poesia é amor
Soubemos encontrar nessa nossa paixão
São os segredos escondidos no seu coração
Que ecoam nas batidas desesperadas do meu
Enquanto lágrimas rolam feito tempestade
No exato momento em que tu nega me amar
Essa sua boca sente o prazer de meu beijo
E suas mão apertam o meu ausente corpo
Lembranças perfeitas de sonhos desfeitos
Pois os amores assim nunca morrem...
Eternizam em sua mais suave essência

Luizão Bernardo