domingo, 5 de janeiro de 2014

PODE NEM SEMPRE SER ASSIM

 

Trovão
pode nem sempre ser assim; e eu digo
que se os teus lábios, que amei, tocarem
os de outro, e os teus dedos fortes e meigos cingirem
o seu coração, como o meu em tempos não muito distantes;
se na face de outro os teus suaves cabelos repousarem
nesse silêncio que eu sei, ou nessas
palavras sublimes e estremecidas que, dizendo demasiado
ficam desamparadamente diante do espírito vozeando;
se assim for, eu digo se assim for –
tu do meu coração, manda-me um recado;
que eu posso ir junto dele, e tomar as suas mãos,
dizendo, Aceita toda a felicidade de mim.
Então hei-de voltar a cara, e ouvir um pássaro
cantar terrivelmente longe nas terras perdidas.
Edward Estlin Cummings

2 comentários:

  1. Muito bonito o teu poema. Lembrou-me o último terceto de um soneto de E.E. Cummings: "Depois, desviando os olhos, de improviso,/ Longe, ah tão longe, um pássaro ouvirei/ Cantar no meu perdido paraíso."

    ResponderEliminar
  2. Boa tarde John, tens razão o poema é de Edward Estlin Cummings
    não é meu,mas agradeço o carinho.Beijinhos

    ResponderEliminar