Depois de termos amado (e até às vezes a sério)
e de termos sido amados (inclusive de verdade)
Depois de termos escrito, mas sem nomear nunca
o que era necessário. Depois das cidades,
dos corpos, dos objectos, depois de termos deixado
para trás o memorável com que coincidimos,
depois de defraudarmos, depois de nos defraudarmos,
depois de percorrermos a viela do tempo,
depois da impiedade, depois ...do fogo,
acabamos por chegar ao fim da noite.
E aí a chuva cai escura sobre o mundo,
e já não há ocasião para dizermos depois.
Carlos Marzal (trad. de Joaquim Manuel Magalhães)
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