terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Gosto quando me falas de ti

Richard S. Johnson

Gosto quando me falas de ti e te vou percorrendo

e vou descortinando a tua vida na paisagem sem nuvens,

cenário dos meus desejos tranquilos.
Gosto quando me falas de ti e então percebo

que antes mesmo de chegar, me adivinhas,

que ninguém te tocou, senão o vento

que não deixa vestígios, e se vai

desfeito em carícias vãs…
Gosto quando me falas de ti quando aos poucos a luz

vasculha todos os cantos de sombra, e eu só te encontro

e te reencontro em teus lábios, apenas pintados,

maduros,

mas nunca mordidos antes da minha audácia.
Gosto quando me falas de ti e muito mais adiantas

em teus olhos descampados, sem emboscadas,

e acenas a tua alma, sem dobras, como um lençol

distendido,
e descortino o teu destino, como um caminho certo, cuja

primeira curva

foi o nosso encontro.
Gosto quando me falas de ti porque percebo que te desnudas

como uma criança, sem maldade,

e que eu cheguei justamente para acordar tua vida

que se desenrola inútil como um novelo

que nos cai no chão…

J.G. de Araújo Jorge




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