Ale amada,
Não é porque eu fui enganado que não acreditarei mais no amor.
Não é porque alguém foi interesseiro e quis me usar que devo renunciar minha ingenuidade.
Não é porque tentaram me destruir que perderei a suavidade.
Não serão o ódio ou rancor que me farão abandonar a gentileza.
Ale, você não merece me receber pela metade. Não merece pagar os danos que outra causou.
O ceticismo não vai me contagiar. Suspeita não é inteligência, prevenção não é sabedoria.
Não irei desconfiar de você por lealdade ao passado. Traio o passado para ser fiel às nossas palavras.
Nenhuma experiência me ensinou a ser você antes. Estou sendo você agora.
Tangerina. Tangerino.
Não lhe dou chance, dou a minha vida. Chances são esmolas da memória.
Fabrício Carpinejar
Imagem de Arunas Rutkus
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