Escuta: quando passamos as palmas das mãos por uma flor, vez que vez, docemente - sente lá comigo! -, quando nos espraiamos pelo cálice, pela corola, pelo seu terno perianto de estames e gineceu, pelas folhas, pela sensação absoluta, pela sensação da sensação sem fronteiras; quando a nossa sensibilidade se agudiza, se erecta na motricidade fina e flor-sentimos, é como se sentíssimos por inteiro no corpo, por ricochete, por dádiva divina, os pesos diferentes de várias carícias, como acordes vários mas unidos numa doce sinfonia táctil e interminável.
Assim sinto em meu corpo as tuas mãos-gineceu e por isso gero este pólen-poema em minhas anteras gratificadas
Carlos Serra
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