Eu rezo a um Pai cujo rosto eu não conheço,
Eu peço a um Filho que eu jamais pari
E faço o sinal da cruz,
Mencionando um Espírito Santo que nunca vi.
Murmuro palavras que me foram ensinadas,
E outras palavras que eu mesma invento.
Eu peço, imploro, tento
Alcançar uma luz que há de cegar-me.
As adagas pontiagudas da fé
Dançam em volta de mim,
Cortam de leve,
Sangrando sentidos
E eu, em suspiros desabridos,
Tento escutar a leve voz
Suave e santa – Doce Algoz!
O cheiro do incenso que santifica,
Purifica a minha dúvida.
De joelhos eu caio; cortam-me os cacos
Da fé sobre a qual estou prostada.
Ana Bailune
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