terça-feira, 10 de abril de 2018

Amen

Eu rezo a um Pai cujo rosto eu não conheço,

Eu peço a um Filho que eu jamais pari

E faço o sinal da cruz,

Mencionando um Espírito Santo que nunca vi.

Murmuro palavras que me foram ensinadas,

E outras palavras que eu mesma invento.

Eu peço, imploro, tento

Alcançar uma luz que há de cegar-me.

As adagas pontiagudas da fé

Dançam em volta de mim,

Cortam de leve,

Sangrando sentidos

E eu, em suspiros desabridos,

Tento escutar a leve voz

Suave e santa – Doce Algoz!

O cheiro do incenso que santifica,

Purifica a minha dúvida.

De joelhos eu caio; cortam-me os cacos

Da fé sobre a qual estou prostada.

Ana Bailune

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